Evento marca os 20 anos do Programa Cultura Viva no Brasil, cenário em que o Instituto Kaingáng tornou-se referência na área da Educação e Cultura Kaingáng por meio de seu Ponto de Cultura Kanhgág Jãre. Celebração segue até sábado, dia 06.
A Organização Indígena Instituto Kaingáng, Inka, e o Ponto de Cultura Kanhgág Jãre, receberam as boas-vindas junto aos demais Pontos, Pontões, e ponteiros de cultura do Brasil na abertura do evento que comemora os 20 anos do Cultura Viva nesta quarta (03), apresentado pela atriz baiana Mariana Freire, em Salvador, na Bahia.
“A Cultura Viva faz 20 anos, esta política tão emblemática e tão importante por vir da base e ser a base da cultura, conformando uma malha tão potente quanto sensível, a Rede de Pontos de Cultura do Brasil. Temos muito o que discutir, mas também para comemorar”, recordou, Mariana.
Roda de Abertura
O início dos trabalhos foi marcado por uma roda de encantamento nesta quarta (03), onde Mestres e Mestras do Cultura Viva no país, fazedores da cultura, foram honradas, entre elas, a gestora e produtora cultural do Instituto Kaingáng, Susana Fakój, Pai Lula, Mestra Doci, Mestre Alcides, Mestra Nádia Tupinambá, Mestre Paulo Ifátide, Mestra Iara, Mãe Carmem e Mestra Fatinha.
Susana trouxe um pouco da experiência do Ponto de Cultura do Instituto Kaingang dentro da Ação Nacional Griô, desenvolvida a partir de 2006 pelo Ministério da Cultura.
“A nossa raiz kaingáng está centrada no saber dos nossos velhos, é a partir deles que trazemos toda a nossa memória, a nossa ancestralidade. Referenciamos os velhos que já partiram como Jorge Garcia, Alsira e tantos outros que estão conosco, como Maria Griá, hoje com 110 anos e Pedro Garcia”.
Susana destacou a relevância dos anciãos para o nascimento, desenvolvimento e frutificação do Ponto de Cultura Kanhgág Jãre (que no idioma Kaingáng significa Raiz Kaingáng), considerado o 1° Ponto de Cultura em Terra Indígena do Brasil, localizado no Rio Grande do Sul.
“Se a história escrita foi escrita através do olhar do colonizador, nós também temos que escrevê-la através dos nossos olhos, através da tradição oral, sentando com os nossos velhos, são eles que nos ensinam e que trazem toda a sabedoria dos nossos povos, que trazem a nossa tecnologia, nossa ciência, que muitas vezes não é considerada. Toda essa trajetória de 18 anos parte do saber dos nossos velhos e tem sido muito importante na consolidação desse trabalho, na valorização da nossa arte, cultura, língua, dos grafismos, e que não teria sido possível sem o Cultura Viva. Que nos próximos 20 anos possamos comemorar esse momento com mais povos indígenas aqui representados, sabemos que é preciso avançar muito nesse sentido, de estarmos nesses espaços de representação, de discussão e valorização da cultura, dos nossos saberes, que possamos com políticas culturais fortalecer a ancestralidade, a memória dos nossos povos”, marcou, Susana.
Comitê Gestor do Pontão de Culturas Indígenas
O Instituto Kaingáng integra o Comitê Gestor do Pontão de Culturas Indígenas e a participação no evento é de fundamental relevância para a formação dos Pontões de Cultura e implementação das iniciativas previstas nos respectivos planos de trabalho. Lembrando que o Pontão de Cultura Indígena – “O Brasil é uma Aldeia Multiétnica”, promoverá a oficina de formação de seus agentes Cultura Viva, período em que 20 jovens indígenas estarão presencialmente participando da iniciativa na Aldeia Multiétnica, dentre eles, três jovens Kaingang, em Goiás, entre os dias 12 e 20 de julho.
O Encontro Nacional Cultura Viva segue com a discussão de quatro eixos de trabalho que são: Memória, Reflexão, Futuro e Celebração, e conta com formações, mesas de debates, rodas de saberes, reuniões temáticas e apresentações artísticas., contando com autoridades da área cultural como a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, do diretor da Política Nacional de Cultura Viva, João Pontes, da diretora de Diversidade Cultural Karina Gama, do diretor de Promoção das Culturas Populares da SCDC, Tião Soares e grandes nomes do cenário como Célio Turino, historiador e titular da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC entre 2004 e 2010, idealizador do Programa Cultura Viva.
O Encontro é transmitido online ao vivo para todo o Brasil pelo canal do Ministério da Cultura no YouTube, com recursos de acessibilidade disponíveis como tradução em libras, com finalização no sábado, dia 06.